domingo, 20 de julho de 2025

POR QUE SOFREMOS?

"Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada." Romanos 8:18 (ARC)

Essa pergunta atravessa os séculos e continua ecoando no coração de muitos que, mesmo andando em integridade, se deparam com a dor, a perda e, muitas vezes, com o silêncio de Deus. Se Ele é bom, justo e todo-poderoso, por que permite que aqueles que O amam experimentem sofrimento?

Essa não é uma inquietação nova. Jó, homem íntegro e temente a Deus, foi duramente provado sem que houvesse culpa em sua conduta (Jó 1:1). A resposta para esse dilema não está na ausência de Deus, mas no entendimento da realidade em que vivemos: um mundo marcado pela queda, pelas consequências do pecado (Gênesis 3) e pelas imperfeições humanas. Aqui, até os justos sangram.

Muitas vezes, o sofrimento não é fruto do pecado pessoal, mas do ambiente quebrado em que estamos inseridos. Vivemos em um mundo que "geme e está juntamente com dores de parto até agora" (Romanos 8:22), e isso atinge até os que andam com Deus. Em outras ocasiões, a dor nasce de nossas próprias escolhas. Deus perdoa, cura e restaura, mas ainda assim colhemos os frutos de decisões precipitadas (Gálatas 6:7-8). A misericórdia não anula a responsabilidade.

Além disso, não podemos esquecer que o inimigo de nossas almas se levanta contra os que permanecem firmes. O próprio Jesus disse a Pedro: "Simão, Simão, eis que Satanás vos pediu para vos cirandar como trigo" (Lucas 22:31). Há sofrimentos que surgem do confronto espiritual, da resistência do justo ao mal, da escolha diária por santidade. E nesses momentos, o Senhor estabelece limites: "Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que não vos deixará tentar acima do que podeis" (1 Coríntios 10:13).

Mas talvez o maior motivo pelo qual os justos sofrem esteja no chamado que carregam: participar das aflições de Cristo. O Evangelho não é um convite ao conforto, mas à cruz (Mateus 16:24). Não é promessa de uma vida sem dores, mas de uma vida com propósito. "Ainda que era Filho, aprendeu a obediência por aquilo que padeceu" (Hebreus 5:8). Da mesma forma, os seus discípulos são moldados na fornalha, não para serem destruídos, mas purificados (1 Pedro 1:6-7).

A grande verdade é que o sofrimento do justo nunca é em vão. Ele gera perseverança, molda o caráter e aprofunda a fé (Romanos 5:3-4). Deus não desperdiça uma lágrima sequer (Salmos 56:8). O justo pode até sofrer, mas sua dor nunca é sem propósito. E, sobretudo, é passageira: "O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã" (Salmos 30:5).

Por isso, ainda que a dor venha, ainda que as perguntas fiquem sem resposta, permaneça firme. "Muitas são as aflições do justo, mas o Senhor o livra de todas" (Salmos 34:19). Deus não abandona os seus no meio do vale (Salmos 23:4). Ele caminha junto, sustenta e transforma o sofrimento em glória.

No fim, o justo não será lembrado pela dor que sofreu, mas pela fé com que suportou, permaneceu, firme, constante e abundante e por isso, venceu.

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