domingo, 21 de junho de 2020

DENOMINAÇÕES EVANGÉLICAS

Você já deve ter escutado “qual foi a placa, o nome da igreja que Jesus deixou?”, “por que tantas igrejas (denominações) diferentes?” ou ainda, “no céu teremos essas separações de denominações como aqui na terra?”

Eu tive a oportunidade de andar em alguns estados brasileiros, em quatro das cinco regiões, em todas, vi a diversidade de nomes de igrejas, algumas conhecidas e outras, além de desconhecidas, inconcebíveis a luz da Bíblia sagrada, na internet se vê aos montes, a vastidão de nomes como “Igreja do Deus pelador” e a “famosa” e “midiática” “bola de neve”, mas deixando de lado a “excentricidade” dos nomes, de que nos serve a diversidade de igrejas?

Deus é um Deus de unidade (João 10:30), comunhão (João 17:5), em todo o texto sagrado Ele sempre se preocupou em estar perto (Mateus 28:20) e essa proximidade tem fundamento, razão, temporalidade e atemporalidade (Joao 8:29), e para nós, cristãos, essa comunhão com Deus se dá de múltiplas formas, mas é na Igreja que a comunhão torna-se visível, palpável, litúrgica, daí a necessidade de templos, igrejas, e assim o foi no Antigo testamento com a TENDA DA CONGREGAÇÃO e os templos construídos em substituição da tenda, e assim o é com os templos/igrejas de nossa época.

Na história humana, Deus vai relacionando-se e revelando-se de forma progressiva, mas paulatina, ao mesmo tempo que se deixa conhecer, não se faz plenamente revelado, textos como Deuteronômio 29:29, Salmos 19:1, 139:6 e Romanos 1:19 explicita e implicitamente mostram esse Deus acessível a nossa capacidade de compreensão (cognoscível), mas também inacessível (incognoscível); no salmo 139:6 isso fica explicito, quando o salmista exclama “o teu conhecimento é profundo demais para mim”, e isso tem tudo a ver com Igreja e denominações.

A Igreja é por definição Bíblica “...a casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade. 1 Timóteo 3:15”, e as denominações o que são? As denominações são, entre tantas definições, em essência, “organizações funcionais, baseadas no conhecimento e entendimento das sagradas escrituras, tendo uma particular interpretação das doutrinas bíblicas e sua aplicação”.

Respondendo às perguntas da introdução:

Qual foi a placa, o nome da igreja que Jesus deixou?”,

Vejamos o que a Bíblia diz:

E sucedeu que todo um ano se reuniram naquela igreja, e ensinaram muita gente; e em Antioquia foram os discípulos, pela primeira vez, chamados cristãos. (Atos 11:26)”.

Resposta simples e objetiva, NENHUM NOME, NENHUMA PLACA.

No período bíblico, no que chamamos de igreja primitiva, as igrejas eram chamadas pelo nome do local, como descrito:

 “As igrejas da Ásia vos saúdam” (1 Coríntios 16:19)

...à igreja de Deus que está em Corinto” (2 Coríntios 1:1)

...igreja que está em Cencreia” (Romanos 16:1)

...igreja que está em Esmirna” (Apocalipse 2:8)

...igreja que está em Pérgamo” (Apocalipse 2:12)

“...às igrejas da Galácia” (Gálatas 1:2)

Por que tantas igrejas (denominações) diferentes?

Conforme definimos ser as denominações, “...uma particular interpretação...” essa cultura de denominações surgiu quando da reforma protestante, embora muitos personagens na história do Cristianismo se consideravam não denominacionais e acreditavam que seria desnecessário seguir regras fora da doutrina cristã de origem, após a reforma títulos foram dados aos movimentos reformistas, conforme iam surgindo os ilustres servos e eminentes teólogos da reforma, os nomes, as placas também foram surgindo, tais quais, Igreja Luterana, Igreja Metodista, Igreja Batista e afins; ainda que homens como Lutero e João Calvino tenha declarado o desejo de que não surgisse uma denominação cristã que levasse seu nome, e que queriam simplesmente ser chamado de cristão, seus seguidores não os respeitaram.

Mas, essa evolução nos nomes, denominações, identifico três fases:

Fase 01, a demonização dos cristãos protestantes.

Com a reforma a Igreja Católica Apostólica Romana, até então o único rotulo denominacional, para identificar os dissidentes, hereges, excomungados, os nomeou PROTESTANTES, e daí por diante, não somente a admiração dos ensinamentos de Lutero, Calvino, e mais tarde John Wesley e outros, diversos nomes foram aplicados.

Fase 02, o ensino dos homens, as interpretações teológicas, aqui temos uma pluralidade de denominações, exatamente pelo simples fato da diversidade interpretativa da teologia bíblica, onde por detalhes teológicos, uma linha de raciocínio e aceitação levaram muitos a “gentil discordância” e a segregação congregacional e organizacional.

Embora tenha sido a igreja católica a primeira denominação, e que tenha dado nome ao movimento protestante afim de rotulá-lo e identificá-lo pejorativamente, uma segunda fase de nomes, denominações surgiram aos montes, isso muito pela admiração dos pregadores, mas também para concordância com essas interpretes, ressaltamos que muitos destes homens, publicamente externaram sua discordância com esses rótulos para igreja, Lutero, Calvino e John Wesley assim o fizeram, mas de nada adiantou, e os exemplos mais clássicos são:

Os seguidores de Lutero eram luteranos, dando nome a igreja Luterana; os Wesley nominados wesleyanos formaram a igreja metodista, e por aí vai, a igrejas batistas (membros da igreja de Spurgeon), a Igreja presbiteriana (os de Albert Barnes), a igreja congregacional (os de Henry Ward Beecher)

Estes homens se opuseram ao denominacionalismo,

John Wesley disse, "Eu queria que o nome Metodista nunca fosse mencionado novamente, mas que se perdesse no esquecimento eterno".

Charles Spurgeon, cujos sermões foram rotulados com o nome "Batista", disse: "Digo do nome "batista": ainda que pareça, mais do que o próprio nome de Cristo dure para sempre. Estou ansioso para o dia em que não haja mais vida 'batista'".

Henry Ward Beecher, expressou sua recusa em chamar de "congregacionais" outros cristãos quando disse: "Deixe-me falar com você na língua do céu e chamá-los de "cristão".

Albert Barnes, cujos sermões foram rotulados com o título de "presbiterianismo" escreveu: “essas divisões devem ser reunidas sob o santo nome "cristão””.

Muitos outros se opuseram declarando explicitamente que, no céu, o titulo lá é “santo”, “cristão”, “crente”!

Fase 03, a mais dolorosa, vexatória e ingrata fase para nosso sofrível movimento denominacional, o que nascera de forma pejorativa (fase 1) e passou pela interpretativa, dessassociativa (fase 2), chaga ao período das dissidências egocêntricas, por meios de “homens (?” que por não concordarem com o pastor, ministério, o costume tal, com a lentidão na adaptabilidade da igreja ao seu tempo (a chamada modernidade), ou se ofenderam e sentiram o seu ego machucado por irmão tal, ou palavra tal, ou por falta de liberdade e autonomia, ou mesmo por insubmissão e insubordinação a liderança eclesiástica, saem das denominações que nasceram, cresceram, se tornaram “maduros”, e que nelas galgaram os espaços, abandonam sua congregação local, e ao abandonarem, eles formam igrejas, com o pretexto da evangelização, da modernização de otimização dos usos e costumes, no que chamam de ressignificar princípios, criticam os antigos lideres e a denominação que os tornou os obreiros que são, enlaçando os indoutos e neófitos com promessas tais, que ferem não somente a interpretação particular da denominação anterior, como principalmente as sagradas escrituras.

Por ego, temos hoje uma infinidade de denominações, com nomes que, não são somente “títulos”, “rótulos”, “marca, mas pensamentos “filosóficos”, não teologais, que de tão criativo, não listaremos, mas uma rápida pesquisa na internet lhe dará bons motivos para rir ou irar-se.

Por fim, temos também o cristianismo não denominacional que em poucas palavras, é o movimento que visa levar eliminar as denominações, alegando que “a prática da fé cristã por uma ou mais pessoas, não carece ser rotulada com o nome de qualquer denominação cristã específica, tendo como um dos seus principais objetivos a vida espiritual e a fé cristã puramente centrada em Cristo, essencialmente, com base nos ensinamentos de Jesus Cristo.

Esse movimento desvaloriza as denominações, que tem o seu valor, não podemos de forma alguma negar que todas as denominações, os membros, não são de fato Igreja do Senhor, mas também não podemos afirmar que todas elas e seus membros são Igreja; logo eliminar as denominações ou desvalorizar ou ainda desacreditar as mesmas é um erro e deve-se se ter muita cautela.

As denominações assim como as Igrejas do período primitivo, tem cada uma suas particularidades, certo é, que Jesus o dono da Igreja deu muitas coisas a Igreja, mas a Igreja Ele não deu a ninguém, por tanto, vigiemos, busquemos de Deus o lugar onde há benção e paz, onde Cristo nos mostra afeição, busquemos o lugar onde a Palavra de Deus é ensinada, provada e praticada, onde o Espirito Santa habite, se revele, onde a santidade é exigida, onde a doutrina é regra de fé e pratica e onde a inegociável salvação gera bons costumes, onde os frutos são abundantes e dignos de arrependimento, onde Cristo e somente Cristo é glorificado e onde o pastor e as ovelhas sabem o seu lugar.

O tempo e as experiencias vão moldar o homem, mas somente em Deus o homem vivido e experiente encontra o seu devido lugar, não deixemos a nossa congregação, como é costume de alguns, e os que saem, saem porque não eram de nós, se fosse teriam permanecido e permanecendo, seja fiel, humilde e manso, doador, servil e assim, cresça, floresça, frutifique, ame a Deus, sirva a Igreja e honre o pastor e o ministério local, e Deus nos concederá a eternidade ao lado dele como recompensa.

Gustavo Clemente

 

BIBLIOGRAFIA

Bíblia de Estudo Pentecostal

http://www.mentesbereanas.info/reflexoessobrecristianismo.html

https://www.christianpost.com/news/why-all-christians-are-actually-non-denominational-72136/

David C. Cook (2001), "God's Little Lessons for Leaders", Honor Books, Aug 1, pág 213

Knowles, Victor (2006), "Together in Christ: More Than a Dream", College Press, Mar 1, pág 83.