segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

ÉTICA CRISTÃ

Foram os discípulos, pela primeira vez, chamados cristãos.
Atos 11:26

O CONHECIMENTO MUDA, além dele muitas outras coisas também! Não sou conhecedor de tudo que muda no mundo, mas pelo menos uma coisa neste mundo não muda e afirmo que tão certo que, se não respirar por mais de um minuto, morrerei, o CONCEITO DE CRISTÃO/CRENTE não muda!

O padrão, modelo, modo, intensão, que permeia segundo a Bíblia sagrada a vida exemplar de um cristão é imutável, pois este padrão está fundamentado em Deus, em Jesus, no Espírito Santo e na Bíblia Sagrada que assim como o crente deve e tem que ser, é imutável!

Não existe mais crente, menos crente, crente paraguaio, crente quadrado, crente redondo, canela de fogo, o que existe é “crente” e “não-crente”, o que vai além disso, são rótulos e nada mais.

O que descrevo neste texto é um fato, não teoria, não discorro sobre pessoas, mas sobre o padrão ético divino para o ser humano, ser cristão como já diz o étimo da palavra é ser um pequeno Cristo, ser como Cristo, não na forma exterior, pois nossa estética jamais será igual a dEle, mas em sua qualidade de vida cristã, vivida, pregada, examinada, externada e humanizada.

O crente Abraão (Gálatas 3:9), o pai da fé, não foi chamado assim por acaso! Abraão era homem com todo homem! Ele pecou, errou, omitiu, negligenciou, desobedeceu ao mesmo tempo que foi integro, fiel, obediente, perseverante, humilde, homem de oração; o que quero dizer, para ser crente não é necessário ser um super-homem! É necessário servir a Deus e o amar todo o teu coração, e de toda a alma, e de todas as forças, e de todo o entendimento, e ao teu próximo como si mesmo (Lucas 10:27) e isso ele o fazia!

Ser crente não é estar isento de errar, de pecar, é estar consciente que não mais vivemos na prática do pecado e que somos pecadores quando pecamos e não pecamos porque somos pecadores! Ser crente é segui os princípios básicos da ética cristã, as quais não todas, descrevo-as abaixo segundo a Bíblia Sagrada SEMPRE!

Permita-me antes definir Ética, esse termo é de origem grega “ethos” e se refere aos costumes ou práticas/princípios que são aprovados por uma cultura. Ética é a ciência da moral ou dos valores, tem a ver com as normas sob as quais o indivíduo e as sociedades vivem e podem variar grandemente de uma cultura para outra, dependendo da fonte de autoridade que lhes serve de fundamento, em nosso caso além da Bíblia nossa constituição.

A ética cristã tem elementos distintivos em relação a outros sistemas; em suma, ética cristã é a ciência da conduta humana que se determina pela conduta divina; esses fundamentos da ética cristã encontram-se nas Escrituras do Antigo e do Novo Testamento, onde temos por única regra de fé e prática, onde entendemos ser a revelação especial de Deus aos homens.

É possível sentenciar a totalidade do dever social e moral do cristão, em uma declaração de Jesus: “Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo”. (Lucas 10:27)

Assim sendo temos princípios que são imutáveis, inegociáveis para nossa identidade cristã e para nossa qualidade de vida cristã:
  1. Princípio da Fé;
  2. Princípio da Legalidade e Edificação;
  3. Princípio do Respeito;
  4. Princípios da Tolerância;
  5. Ética no falar;
Princípio da Fé (Romanos 14: 22-23):

A Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não veem (Hebreus 11:1), além disso, sem fé é impossível agradar a Deus (Hebreus 11:6a), logo o crente deve ter fé, ou seja, convicção diante de Deus quanto ao que faz ou deixa de fazer. Pois ele precisa estar ciente que não precisa recorrer à homem algum para posicionar-se quanto aos seus atos e palavras. Se tiver dúvidas não deve fazer, como bem escreveu Paulo:

Tens tu fé? Tem-na em ti mesmo diante de Deus. Bem-aventurado aquele que não se condena a si mesmo naquilo que aprova. Mas aquele que tem dúvidas, se come está condenado, porque não come por fé; e tudo o que não é de fé é pecado. (Romanos 14: 22-23).

Vede a firmeza, “tudo o que não é de fé é pecado”; todo crente está (ou devia) convicto de seus atos!

Princípio da Legalidade e Edificação (1 Coríntios 10:23):

Isso nos fala de justiça, nos fazendo refletir no que iremos fazer, falar, comprar, vender, alugar e etc. Além disso, fala também de espontaneidade, não há louvor fazer as coisas por obrigação, deve haver devoção voluntária. A Bíblia nos exorta a conservar essa dádiva:

Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou, e não torneis a colocar-vos debaixo do jugo da servidão. (Gálatas 5:1)

É preciso estar ciente que como homem estamos debaixo de nossa vontade, e isso nos permite fazer muitas coisas, eu posso matar, mas é correto? Posso roubar, mas é certo? Existe intenção boa nisso? Paulo declara de forma clara aos coríntios:

Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas edificam. (1 Coríntios 10:2)

Ele deixa bem claro que podemos fazer tudo o que quisermos, mas edifica (é verdadeiro, é honesto, é justo, é puro, é amável, é de boa fama, há alguma virtude, e há algum louvor)? Tenhamos sempre em mente o que Paulo disse também aos Romanos

Portanto cada um de nós agrade ao seu próximo no que é bom para edificação. (Romanos 15:2)

Princípio do Respeito (1 Coríntios 8:9; 13 e Romanos 15:1, 2):

Aqui o fundamento é o amor e não a liberdade cristã. A Bíblia Sagrada afirma que não devemos escandalizar um irmão mais fraco (que ainda não tem a devida maturidade, neófito, mesmo que tenhamos consciência do que estamos fazendo não é errado).

Princípios da Tolerância (Romanos 14:3; 12)

Devemos respeitar as divergentes opiniões; quem adota algum costume não julgue o que não o pratica; quem não adota não despreze ou desmereça a devoção de seu irmão. Devemos nas coisas não essenciais, ter diversidade; nas essenciais, termos unidade; em todas as demais coisas, AMOR.

Ética no falar (Tito 2:9; Mateus 12:36)

Podemos falar tudo, sim, devemos? Não! Abaixo alguns versículos para não utilizar de argumentação humana:

A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para que saibais como vos convém responder a cada um. (Colossenses 4:6)

Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que for boa para promover a edificação, para que dê graça aos que a ouvem. (Efésios 4:29)

Linguagem sã e irrepreensível, para que o adversário se envergonhe, não tendo nenhum mal que dizer de nós. (Tito 2:8)

Nossas palavras devem promover a edificação, a graça (salvação), ser agradável, irrepreensível, pesada para cada um, não chula, não torpe, e, além disso, tudo para com o outro, ela deve envergonhar o adversário de nossas almas, pois estamos cientes que “toda a palavra ociosa que os homens disserem hão de dar conta no dia do juízo.” (Mateus 12:36)

Temos muitos outros princípios e, além disso, cremos na existência de um único DEUS, o criador e Senhor de todas as coisas, sendo Ele Deus, pessoal e tendo um caráter positivo, não negativo ou neutro. Esse caráter revelado na Bíblia por meios de seus atributos morais e comunicáveis e incomunicáveis! Deus é Santo (Lv 11, 45; Sl 99, 9), Justo (Sl 11, 7; 145, 17), Verdadeiro (Sl 119, 160; Is 45, 19), Misericordioso (Sl 103, 8; Is 55, 7), Fiel (Dt 7, 9; Sl 33, 4) e outros mais. A Escritura afirma que Deus criou o ser humano à sua semelhança (Gn 1, 26-27). Isso significa que o homem partilha, ainda que de modo limitado, do caráter moral de seu Criador. Embora o pecado haja distorcido essa imagem divina no ser humano, não a destruiu totalmente.

Por isso Deus requer uma conduta ética das suas criaturas: “Sede santos porque eu sou santo” (Lv 19, 2; 20, 26). Dentro deste prisma, a lei expressa o desejo que Deus tem de que as suas criaturas vivam vidas de integridade. Há três tipos de leis no Antigo Testamento: cerimoniais, civis e morais. Todas visavam disciplinar o relacionamento das pessoas com Deus e com o seu próximo. A lei inculca valores como a solidariedade, o altruísmo, a humildade, a veracidade, sempre visando o bem-estar do indivíduo, da família e da coletividade. Ser crente servi a Deus com alegria, em comunhão com Deus e com a sociedade. A grande síntese da moralidade bíblica está expressa nos Dez Mandamentos (Ex 20, 1-17; Dt 5, 6-21). As chamadas “duas tábuas da lei” mostram os deveres das pessoas para com Deus e para com o seu próximo. O Reformador João Calvino falava nos três usos da Lei: judicial, civil e santificador. Todas as confissões de fé reformadas dão grande destaque à exposição dos Dez Mandamentos. Muitos dos preceitos éticos mais nobres do Antigo Testamento são encontrados nos livros dos profetas, especialmente Isaías, Oséias, Amós e Miquéias. Sua ênfase está não só na ética individual, mas social. Eles mostram a incoerência de cultuar a Deus e oferecer-lhe sacrifícios, sem, todavia ter um relacionamento de integridade com o semelhante. Ver Isaías 1, 10-17; 5, 7 e 20; 10 1-2; 33, 15; Oséias 4, 1-2; 6, 6; 10, 12; Amós 5, 12-15, 21-24; Miquéias 6, 6-8.

É preciso entender que o crente de hoje em dia deve portar-se e ser do mesmo modo que eram e agiam os homens no passado, as dificuldades podem ser diferentes, as situações também, mas as respostas são às mesmas, sempre norteados em Deus e sua santidade.

No novo testamento não é diferente! Os princípios, a conduta do crente do Novo Testamento não contrasta com a do Antigo, mas nele se fundamenta. Jesus e os Apóstolos desenvolvem e aprofundam princípios e temas que já estavam presentes nas Escrituras Hebraicas, dando também algumas ênfases novas. Jesus: a ética em pessoa, mostra em seus ensinamentos e ilustra com sua vida o que realmente é ser crente! O tema central da mensagem de Jesus é o conceito do “reino de Deus”. Esse reino expressa uma nova realidade em que a vontade soberana de Deus deve ser reconhecida e aceita em tudo “Em tudo te dá por exemplo de boas obras; na doutrina mostra incorrupção, gravidade, sinceridade” (Tito 2:7).

Jesus não apenas ensinou os valores do reino, mas os exemplificou com a vida. Por isso que ser crente, muitas das vezes não é entendido, o verdadeiro crente, vive com os pés na terra e o pensamento no céu, buscando as coisas que são de cima!

No Sermão da Montanha (Mateus Caps. 5 a 7) Jesus com seus discípulos (os Filhos do Reino) descreve ali o que caracteriza o crente, ele é humilde, manso, misericordioso, integro, busca sempre a justiça e a paz, anela continuamente pelo perdão vivendo uma vida piedosa, uma vida de arrependimento, anseia pela veracidade, é generoso e acima de tudo luta pela propagação do amor.  Jesus endossa inda mais que este estado de moralidade deve ser tanto externa, como interna (sentimentos, intenções), ou seja, não é só no papel que deve funcionar e não somente em palavras, mas principalmente em ações!

Outro que muito ajudou na formação do caráter do cristão foi Paulo baseando-se em todo o exemplo de Cristo, a ética, a realidade da redenção e abnegação dEle. Paulo utiliza-se muito em suas expressões do “em Cristo” (II Co 5, 17; Gl 2, 20; 3, 28; Fp 4, 1). Entre os motivos que devem impulsionar o crente, as pessoas, em sua conduta está a imitação de Cristo (Rm 15, 5; Gl 2, 20; Ef 5, 1-2; Fp 2, 5). Outro motivo fundamental é o amor (Rm 12, 9-10; I Co 13, 1-13; 16, 14; Gl 5, 6). Com isso Paulo sintetizou a pratica da ética no fruto do Espírito (Gl 5, 22-23), fazendo assim distinção ente o simples significado humano da ética (que a miúdos é o ato de fazer tudo sem prejudicar ninguém) confrontando o significado teológico da ética que é fazer todo o possível para a edificação sua e dos outros “Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem. 1 Timóteo 4:16”!

Nessa argumentação do proceder do crente, está clara e evidente a ênfase ao bem-estar da comunidade, o corpo de Cristo (Rm 12, 5; I Co 10, 17; 12, 13 e 27; Ef 4, 25; Gl 3, 28). Ao mesmo tempo, ele valoriza o indivíduo, o irmão por quem Cristo morreu (Rm 14, 15; I Co 8, 11; I Ts 4, 6; Fm 16) e que acima de tudo, o crente deve viver para Deus, de modo digno dele, para o seu inteiro agrado: Rm 14, 8; II Co 5, 15; Fp 1, 27; Cl 1, 10; I Ts 2, 12; Tt 2, 12.

Não conseguiremos jamais definir tudo o que diz respeito aos princípios que permeiam a vida do crente, mas é certo, que o crente é diferente do não-crente, ele não é melhor pois deve considerar os outros “Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo. Filipenses 2:3” superiores a ele mesmo “pois sua vida baseia-se no modelo que é Cristo e não em suas convicções, baseia-se numa vida integra onde somos um embaixador de Deus na terra como diz as sagadas escrituras:

Somente deveis portar-vos dignamente conforme o evangelho de Cristo, para que, quer vá e vos veja, quer esteja ausente, ouça acerca de vós que estais num mesmo espírito, combatendo juntamente com o mesmo ânimo pela fé do evangelho. (Filipenses 1:27)