quinta-feira, 7 de março de 2013

O NOSSO INTERIOR

É triste, mas é real...
Os sorrisos estampados não são do coração! As palavras de exultação não são do coração, são de uma consciência decadente e que vive presa na ilusão que os outros precisam me ver feliz, mesmo não sendo feliz nem um segundo de minha existência.
Pessoas estão vivendo em um universo de aparência e Jesus esta convidando os mesmo para um mundo de verdade, que sente gozo mesmo em tristeza, que sorrir, mesmo quando a motivos para chorar!
Em Jerusalém no ultimo dia da festa dos tabernáculos quando todos já tinham deixado a alegria momentânea que é costumeira das festas Jesus se põe em pé e da um brado no meio da multidão...
“Se alguém tem sede, venha a mim, e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre.”
Jesus é fantástico! Ele tira o coelho da cartola...
Os participantes da festa já tinham voltado seus pensamentos para o retorno ao lar, voltado os pensamentos aos problemas, as dificuldades e quem sabe os seus semblantes de alegria também já não tinham voltado ao seu estado de origem... Preocupados com o amanhã!
Estar nas festas nos faz pensar em todo mesmo em problemas... somos tomados de uma alegria que é momentânea... Passageira, mas Jesus que é eterno, quer que desfrutemos desta alegria e brada a todos em alto e bom som que... Amá-lo, segui-lo e servi-lo fará com que a alegria que é exterior seja real e brote do interior!
Na festa dos tabernáculos tinha água para lavar as mãos, os pés, mas não lavava o coração! Jesus é a agua da vida e esta agua quando inunda o ser tem que transbordar e quando transbordar tu veras uma mudança radical, pois o coração alegre aformoseia o rosto!

RECOMEÇAR

Quem nunca errou que atire a primeira pedra!
Assim falou Jesus aos acusadores da mulher apanhada em adultério; e a resposta veio sem palavras, mas com ações, cada um foi se retirando do mais velho para o mais moço.
É interessante que todos refletiram as palavras de Jesus e todos consideraram que havia pecado. Ninguém ousou dizer uma so palavra tipo, já pequei, mas não desse jeito! Não adulterei! Nada! Absolutamente nada fio dito, pois as palavras de Jesus penetraram no amago da alma dos que ali estavam.
Para os acusadores as palavras de Jesus lhes condenavam tal com adultera; mas ao mesmo tempo para adultera, lhe dava oportunidade assim como os acusadores tinham!
Acredito que Jesus tenha levantado com uma pedra na mão, pois nele não havia pecado, nem jamais pecou, mas sendo ele o perdão em pessoa e visto que veio para levar o homem de volta a Deus, como disse Paulo Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, Jesus levantasse, indaga, os acusadores vão embora e ele solta a pedra dizendo...
Onde estão os teus acusadores? Ninguém te condenou? Nem eu te condeno...
É fácil condenar o pecador, transgressor, o falho! Mas não é fácil enxergar-nos a nos mesmos! Jesus por nos conhecer Ele não busca o erro, ele busca a cura, Ele busca sanar o problema!
Olhai para Jesus e vede que Ele a cada dia que passa nos concede mais e mais de seu amor para que possamos ser introspectivos e venhamos a reconhecer que, temos sempre em Deus, uma nova oportunidade!
Recomeçar não é fácil, mas é possível; se você errou, Deus perdoa o erro, se você falhou, Deus perdoa a falha, se você pecou Deus perdoa o pecado!
O intuito de Deus é tenhamos uma atitude de converter-nos dos nossos maus caminhos e venhamos a sermos como Ele nos propõe ser... Santos porque Ele é santo!
O Deus das oportunidades é o Deus do recomeço... e Ele esta pronto a nos reorientar para que sejamos simplesmente como devemos ser, servos bons e fieis prontos para toda boa obra!
Nunca é tarde para recomeçar!

ORGULHO


Há muitos anos dois sitiantes limítrofes disputavam a localização da divisa. Cada um achava que o outro estava lhe roubando um pedaço de terra. Como não encontrassem solução amigável, decidiram apelar à justiça. Advogados, despesas forenses, audiências, recursos, tudo.

Nesse ínterim, um deles vendeu a sua propriedade, mas o comprador era um homem crente, temente a Deus, amante da paz. Quando chegou com sua mudança, foi logo interpelado pelo vizinho litigante:

Soube que o senhor comprou essa propriedade e quero que saiba que comprou uma briga também. É que a divisa do terreno não está bem definida e nós estamos na justiça.

Mas nós não vamos brigar por isso - respondeu o novo proprietário. Eu concordo com o senhor. Vamos mudar a cerca para o limite que o senhor está pleiteando na justiça, e acabar com a disputa.

O vizinho ficou admirado. Como é possível tanta liberalidade? Estendeu a mão ao novo vizinho e disse:

Se o senhor pode ficar com o prejuízo, eu também posso. Deixe a cerca no lugar em que está!

"Se for possível, quanto estiver em vós, tende paz com todos os homens" (Rm 12.18).

PERSISTÊNCIA É CAVAR POÇO

No sertão de Pernambuco, "seu" Severino Soares cavava um poço. Incansavelmente trabalhava ali. Cuidava com religiosidade de seus afazeres, mas não faltava à reunião na igreja: 'Cultos aos domingos, Escola Dominical, reuniões de oração, evangelismo... No entanto, todo o tempo disponível empregava em cavar seu poço na baixada, próximo de sua casa.

O viajante que passasse pela estrada perceberia o monte de terra do lado de fora do buraco aumentando dia a dia.

Na igreja, ou entre amigos, o conselho era um só:

Descansa "seu" Severino. Ninguém tira água desse sertão. O senhor vai morrer cavando poço e a água não aparece.

Um dia "seu" Severino deu com um veio de água que o encharcou e o obrigou a pendurar-se depressa numa corda pendente. A alegria tomou conta de "seu" Severino. O poço satisfazia, não somente a ele e sua família, mas a todos os seus vizinhos.

Por ocasião de um esforço evangelístico de sua igreja, o pastor insistia com os crentes para convidarem pessoas.

Os irmãos precisam ser persistentes - dizia.

Mas como acontece sempre, alguns manifestavam desânimo quanto aos convites.

Os irmãos precisam ser persistentes, - tornava o pastor. - Insistam! Persistam! Convidem!

Em conversa, depois do culto veio à baila a palavra persistência. O irmão Severino Soares estava presente. Perguntaram - lhe:

O que é persistência, irmão Severino?

Persistência? - respondeu ele. - Persistência é cavar poço!...

"Sede, pois, irmãos, pacientes até a vinda do Senhor. Eis que o lavrador espera o precioso fruto da terra, aguardando-o com paciência, até que receba a chuva têmpora e serôdia. Sede vós também pacientes, fortalecei os vossos corações; porque já a vinda do Senhor está próxima" (Tg 5.7,8).

AS MÃOS

Meu avô, com noventa e tantos anos, sentado debilmente no banco do jardim, não se movia. Estava cabisbaixo, olhando suas mãos. Quando me sentei ao seu lado, nem notou minha presença.
E o tempo passava…
Sem querer incomodá-lo, mas querendo saber como ele estava lhe perguntei como se sentia.
Levantou sua cabeça, me olhou e sorriu. ‘Estou bem, obrigado por perguntar’, disse com uma forte e clara voz.
Expliquei-lhe que não queria incomodá-lo, mas queria ter certeza de que estava bem, já que estava sentado, imóvel, simplesmente, olhando para suas mãos.
Meu avô me perguntou: ‘Alguma vez já olhastes tuas mãos? Quero dizer, realmente olhou para elas?’
Lentamente soltei minhas mãos das de meu avô, as abri e as contemplei. Virei às palmas para cima e logo para baixo.
Não creio que realmente nunca as havia observado. Queria saber o que meu avô queria dizer-me.
Meu avô sorriu e me disse...
Pare e pense um momento sobre como tuas mãos tem te servido através dos anos.
Estas mãos, ainda que enrugadas, secas e débeis têm sido as ferramentas que usei toda a minha vida para alcançar, pegar e envolver.
Elas puseram comida em minha boca e roupa em meu corpo. Quando criança, minha mãe me ensinou a juntá-las em oração. Elas amarraram os cadarços dos meus sapatos e me ajudaram a calçar minhas botas. Estiveram sujas, esfoladas, ásperas, entrelaçadas e dobradas...
Foram inábeis quando tentei embalar minha filha recém-nascida...
Foram decoradas com uma aliança e mostraram ao mundo que estava casado e que amava alguém muito especial...
Elas tremeram quando enterrei meus pais e esposa, e quando entrei na igreja com minha filha no dia de seu casamento.
Elas têm coberto meu rosto, penteado meu cabelo e lavado e limpado todo meu corpo.
E, até hoje, quando quase nada de mim funciona bem, estas mãos me ajudam a levantar e a sentar e ainda se juntam para orar.
Estas mãos têm as marcas de onde estive e a dureza de minha vida.
Mas, o mais importante, é que são estas mãos que Deus tomará nas Suas quando me levar a Sua presença!’
Desde então, nunca mais vi minhas mãos da mesma maneira.
Mas lembro de quando Deus esticou Suas mãos e tomou as de meu avô e o levou a Sua presença.
Na verdade, nossas mãos são uma benção.
Cada vez que uso minhas mãos penso em meu avô, e me pergunto:
‘Estou fazendo bom uso de minhas mãos?’
E sempre que minha consciência responde que ‘estou usando minhas mãos para praticar o bem, para trabalhar honestamente, que as estou usando para dar carinho e amparo a quem necessita’, sinto-me em paz…
E agradeço ao Criador por tamanha bênção, esperando que Ele estenda Suas mãos para que, também eu, um dia, possa nelas repousar!”
A vida acontece no presente, sempre.
Há somente o hoje, o agora, e este é o seu momento com Deus!
Agradeça por tudo o que tens na vida… e também pelas tuas mãos que, bondosas, ajudam a tornar o HOJE, um dia MELHOR!

MORREU PARA SALVAR OS PASSAGEIROS

Um rapaz trabalhava numa estação de ferrovia e recebeu um telegrama atrasado:

"Retenha a composição porque demos saída, por engano, a um cargueiro... por favor... atrase o trem de passageiros..."

O telegrafista, num relance, percebeu a intensidade do perigo! O trem de passageiros acabava de ser liberado, repleto, e ia chocar-se com o outro, ocasionando um terrível desastre.

Saiu correndo atrás do trem. Lembrou-se que mais adiante, a uns dois quilômetros, havia uma subida e o trem, forçosamente, diminuiria a velocidade. Isso lhe deu novo ânimo. Embora a composição aumentasse a distância ele corria mais e mais, num esforço desesperado para alcançá-la.

O trem começou a diminuir a velocidade. Agora, inversamente, a distância entre a composição e o corredor diminuía.

Mais alguns minutos e ele teria cumprido o seu dever.

Continuava correndo: alcançou o último vagão... mais um. Sempre correndo, gritava ao maquinista: "Pare o trem... pare o trem..."

Quando o maquinista compreendeu a intenção do rapaz, que ele conhecia bem, parou o trem, e, num último esforço, ouviu:

Volte depressa com o seu trem que está vindo um cargueiro em sentido contrário.

O maquinista puxou os comandos e o trem começou a retornar. Foi o tempo suficiente para virar o comando do desvio e o cargueiro passou inofensivo.

Só então se lembraram do mensageiro; uma equipe foi em seu socorro: ele tinha caído morto, no lugar onde alcançara o trem!

"Porque Cristo, estando nós ainda fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios. Porque apenas alguém morrerá por um justo; pois poderá ser que pelo bom alguém ouse morrer. Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores" (Rm 5.6-8).

NUNCA FOI CONVIDADO


Conta-se que um cidadão lusitano, dono de uma arruinada casa de negócios, às portas da falência, resolveu se suicidar, atirando-se sob as rodas de um trem, na ferrovia próxima à sua residência.

Mas era um domingo à noite quando tomou tal decisão. Em seu trajeto teria de passar pela porta de uma igreja.

Estava no horário do culto, e, no momento em que a congregação cantava um belo hino:

"Em Jesus amigo temos... mais chegado que um irmão... e nos manda que levemos... tudo a Deus em oração..."

O pobre do homem resolveu aproximar-se para ouvir melhor. "Temos lidas e pesares... e na vida tentação... não ficamos sem consolo... indo a Deus em oração..."

O desesperado cidadão sentiu um alívio com tanta promessa vinda da parte de Deus. Entrou na igreja. O porteiro indicou-lhe um lugar, e ele ouviu atentamente a pregação.

O pastor pregou sobre o Salmo 140: "O Senhor sustentará a causa do oprimido".

O Espírito Santo tocou aquele infortunado coração. No apelo foi à frente, chorando e confessando os seus pecados e a sua desdita.

A alegria foi geral, pois o decidido era muito conhecido dos membros da igreja.

Findo o culto, o pastor pediu a ele que ficasse ao seu lado na porta, para ser cumprimentado pelas pessoas, mas para tristeza de muitos crentes, o velho comerciante cumprimentava a todos e dizia a alguns:

"O senhor!?

É membro desta igreja? Eu não sabia.

Por que não me convidou antes para ouvir coisas tão belas?"

"Filho do homem, eu te dei por atalaia sobre a casa de Israel; e tu da minha boca ouvirás a palavra, e os avisarás da minha parte. Quando eu disser ao ímpio: Certamente morrerás; não avisando tu, não falando para avisar o ímpio acerca do seu caminho ímpio, para salvar a sua vida, aquele ímpio morrerá na sua maldade, mas o seu sangue da tua mão o requererei" (Ez 3.17,18).

A PARÁBOLA DO RIO


Romanos 1.21-32

Havia outrora cinco irmãos, que moravam com o pai num castelo, no alto de uma montanha. O mais velho era um filho obediente. Seus quatro irmãos, todavia, eram rebeldes. O pai tinha-lhes grande cuidado por causa do rio; já lhes havia implorado que ficassem distante da margem, para que não fossem varridos pelo refluxo da maré. Mas eles não ligavam; a atração do rio era-lhes demasiadamente forte.
A cada dia, os quatro irmãos rebeldes arrisca­vam-se cada vez mais perto do rio, até que, uma vez, um deles atreveu-se a tocar a água.
— Segurem a minha mão — gritou ele. — As­sim não cairei.
E seus irmãos o fizeram. Quando ele porém tocou a água, o repuxo arrastou-o com os outros três para dentro da correnteza, rolando-os rio abaixo.
Foram despencando de rocha em rocha, girando no leito do rio. Arrastados pelas vagas, eles se foram. Seus gritos de socorro perde­ram-se na fúria do rio. Embora se debatessem tentando recuperar a estabilidade, foram impotentes contra a força da correnteza. Depois de horas de esforço, renderam-se ao puxão do rio. As águas finalmen­te lançaram-nos à margem, numa terra estranha, num distante país. O lugar era estéril.
Um povo selvagem habitava aquela terra. Não era segura como o lar que eles tinham.
Ventos frios gelavam a terra. Não era quente como o lar que possu­íam.
Montanhas inóspitas assinalavam a terra. Não era convidativa como o lar que conheciam.
Embora não soubessem onde estavam, de uma coisa tinham certe­za: não haviam sido feitos para aquele lugar. Por um longo tempo, os quatro jovens irmãos ficaram deitados na margem, atordoados com a queda, e sem saber para onde se voltarem. Após algum tempo, reuni­ram coragem e tornaram a entrar na água, esperando andar rio acima. Mas a correnteza era demasiadamente forte. Tentaram caminhar ao longo da margem, porém o terreno era íngreme demais. Considera­ram a possibilidade de subir as montanhas, contudo, o cimo era muito alto. Além de tudo, não conheciam o caminho.
Finalmente, fizeram um fogo, e sentaram-se à volta.
— Não deveríamos ter desobedecido nosso pai — admitiram eles. — Estamos a grande distância de casa.
Com o passar do tempo, os filhos aprenderam a sobreviver na terra estranha. Encontraram nozes para alimento, e mataram animais para ter as peles. Eles tinham determinado não esquecer a terra natal, nem abandonar as esperanças de retornar. A cada dia, os quatro aplicavam-se à tarefa de achar alimento e construir abrigo. A cada noite, acendi­am o fogo e contavam histórias de seu pai e do irmão mais velho, ansiando por vê-los novamente.
Então, numa noite, um dos irmãos ausentou-se da fogueira. Os outros o encontraram, na manhã seguinte, no vale com os selvagens. Ele havia construído uma choupana de barro e palha.
— Tenho me cansado de nossas conversas — confessou ele. — De que adianta recordar? Além de que, esta terra não é tão ruim. Vou construir uma grande casa e estabelecer-me aqui.
— Mas aqui não é nosso lar. — Objetaram os outros.
— Não. Mas será, se vocês não pensarem no verdadeiro
— Mas, e nosso pai?
— O que tem ele? Ele não está aqui. Não está por perto. Devo viver para sempre na expectativa de sua chegada? Estou fazendo novos ami­gos; estou aprendendo novos caminhos. Se ele vier, muito que bem, mas eu não vou parar minha vida.
E assim, os outros três deixaram o construtor de cabanas, e se fo­ram. Eles continuaram a se encontrar em volta do fogo, falando do lar e sonhando com o retorno.
Alguns dias depois, o segundo irmão faltou ao encontro da foguei­ra. Na manhã seguinte, os outros dois o acharam no alto de uma ladei­ra, fitando a cabana de seu irmão.
— Que desgosto — desabafou ele, quando os dois se aproximaram. — Nosso irmão é um fracasso total. Um insulto ao nome de nossa famí­lia. Podem imaginar um ato mais desprezível? Construindo uma caba­na, e esquecendo nosso pai?!
— O que ele está fazendo é errado — concordou o mais jovem. — Mas o que fizemos é igualmente mau. Nós desobedecemos. Tocamos o rio. Ignoramos as advertências de nosso pai.
— Bem, podemos ter cometido um ou dois enganos, mas compa­rados àquele coitado da choupana, nós somos santos. Papai vai perdo­ar nosso pecado, e castigar a ele.
— Venha — instaram os dois irmãos. — Volte ao fogo conosco.
— Não. Acho que devo manter o olho em nosso irmão. Alguém precisa conservar uma recordação de seus erros para mostrar a papai.
Assim, os dois retornaram, deixando um irmão construindo e o outro julgando.
Os dois filhos remanescentes ficaram perto do fogo, encorajando-se mutuamente e falando do lar. Então, ao acordar numa manhã, o mais novo achou-se sozinho. Procurou pelo irmão, e encontrou-o per­to do rio, amontoando pedras.
— As coisas não são assim — explicou o amontoador de pedras, enquanto trabalhava. — Meu pai não vem a mim. Eu devo ir a ele. Eu o ofendi. Insultei-o. Falhei com ele. Há apenas uma opção: construirei um caminho de pedras sobre o rio, e irei até a presença de nosso pai. Pedra sobre pedra, eu as amontoarei até que sejam suficientes para eu viajar rio acima, em direção ao castelo. Ao ver quão duro eu tenho trabalhado, e quão diligente tenho sido, nosso pai não terá escolha: aluirá a porta, e me deixará entrar em sua casa.
O último irmão não soube o que dizer. Voltou a sentar-se sozinho junto ao fogo. Certa manhã, ouviu atrás de si uma voz familiar.
— Papai mandou-me buscar vocês, e levá-los para o lar. Levantando os olhos, ele viu a face de seu irmão mais velho.
— Você veio buscar-nos! — Gritou ele. E ambos ficaram abraçados por um longo tempo.
— E os outros? — Perguntou finalmente o mais velho.
— Um fez uma casa aqui. O outro o está olhando. E o terceiro está construindo um caminho sobre o rio.
E assim, o primogênito pôs-se a procurar os irmãos. Foi primeiro à choupana de palha, no vale.
— Fora, estranho! — enxotou o seu irmão, pela janela. — Você não é bem-vindo aqui!
— Eu vim para levá-lo ao lar.
— Mentira! Você veio pegar minha mansão!
— Isto não é uma mansão — ponderou o primogênito — É uma choupana.
— É uma mansão! A mais bela da planície. Eu a construí com mi­nhas próprias mãos. Agora, vá embora. Você não pode ficar com mi­nha mansão.
— Você não se lembra da casa de seu pai?
— Não tenho pai.
— Você nasceu num castelo, numa terra distante, onde o ar é cáli­do, e os frutos, abundantes. Você desobedeceu a seu pai, e acabou nesta terra estranha. Eu vim a fim de levá-lo para casa.
O irmão perscrutou a face do primogênito através da janela, como se estivesse vendo um rosto já visto num sonho. Mas a pausa foi curta, pois, de repente, os selvagens atopetaram a janela também.
— Vá embora, intruso! — exigiram eles. — Esta casa não é sua.
— Vocês estão certos — respondeu o primogênito. — Mas vocês não são nada dele.
Os olhos dos dois irmãos encontraram-se novamente. Mais uma vez o construtor sentiu um aperto no coração, mas os selvagens havi­am conquistado sua confiança.
— Ele quer apenas a sua mansão — gritaram eles. — Mande-o embora! E ele o mandou.
O primogênito foi procurar o segundo irmão. Não teve de ir muito longe. Sobre a ladeira, próximo à cabana, ao alcance da vista dois selva­gens, estava o irmão acusador. Ao ver o primogênito aproximando-se, ele alegrou-se:
— Que bom que você está aqui para ver o pecado de nosso irmão! Você está sabendo que ele voltou as costas ao castelo? Está sabendo que ele nunca mais falou de casa? Eu sabia que você viria, e tenho anotado cuidadosamente as ações dele. Castigue-o! Eu aplaudirei a sua ira. Ele a merece! Trate dos pecados de nosso irmão.
O primogênito falou suavemente:
— Precisamos cuidar de seus pecados primeiro.
— Meus pecados?
— Sim, você desobedeceu o papai.
O irmão deu uma risada sarcástica, e esmurrou o ar.
— Meus pecados não são nada. Lá está o pecador — acusou ele, apontando para a cabana. Deixe-me contar-lhe dos selvagens que fi­cam lá...
— Prefiro que me fale de si mesmo.
— Não se preocupe comigo. Deixe-me mostrar a você quem é que precisa de ajuda — insistiu ele, correndo em direção à choupana. — Venha, nós espiaremos pela janela. Ele nunca me vê. Vamos juntos. — E ele chegou à cabana, antes de perceber que seu irmão mais velho não o seguira.
Depois disso, o primogênito encaminhou-se para o rio. Lá, achou o terceiro irmão, afundado na água até os joelhos, amontoando pedras.
— Papai mandou-me levar você para casa. O outro nem levantou os olhos.
— Não posso conversar agora. Devo trabalhar.
— Papai sabe que você caiu. Contudo, ele o perdoará.
— Ele pode — interrompeu o irmão, esforçando-se por manter o equilíbrio contra a correnteza. Mas antes tenho de chegar ao castelo. Devo construir um atalho sobre o rio. Primeiro lhe mostrarei que sou digno. Então, pedirei sua misericórdia.
— Ele já teve misericórdia de você. Eu o transportarei rio acima. Você jamais será capaz de construir um atalho. O rio é tão comprido! A tarefa é grande demais para você. Papai mandou-me carregá-lo para casa. Eu sou forte.
Pela primeira vez, o amontoador de pedras olhou para cima.
— Como você ousa falar com tanta irreverência? Meu pai não irá me perdoar facilmente. Eu pequei. Cometi um grande pecado! Ele nos disse para evitarmos o rio, e nós desobedecemos. Sou um grande pecador. Preciso trabalhar muito.
— Não, meu irmão, você não precisa de muito trabalho. Você pre­cisa de muita graça. Você não possui força nem pedras suficientes para construir a estrada. Foi por isso que nosso pai me enviou. Ele quer que eu o leve para casa.
— Está dizendo que não consigo? Está querendo dizer que não sou suficientemente forte? Veja meu trabalho. Veja minhas rochas. Eu já posso dar cinco passos!
— Porém ainda faltam cinco milhões à frente!
O irmão mais novo fitou o primogênito com raiva.
— Eu sei quem é você. Você é a voz do mal. Está tentando seduzir-me e afastar-me de meu santo trabalho. Para trás de mim, serpente! — E ele jogou no primogênito a pedra que ia pôr no rio.
— Herético! - gritou o construtor de estrada. - Deixe esta terra. Você não pode me fazer parar! Construirei esta passagem, e apresentar-me-ei ante meu pai. Então ele terá de perdoar-me. Eu conquistarei o seu favor. Serei merecedor da sua compaixão.
O primogênito balançou a cabeça.
— Favor conquistado não é favor. Compaixão merecida não é com­paixão. Eu lhe imploro, deixe-me transportá-lo rio acima.
A resposta foi outra pedrada. Então o primogênito virou-se e saiu. O irmão mais jovem estava esperando junto ao fogo, quando o primogênito retornou.
— Os outros não vêm?
— Não. Um preferiu indultar-se; o outro, julgar; e o terceiro, traba­lhar. Nenhum deles escolheu nosso pai.
— Então eles permanecerão aqui?
O primogênito balançou a cabeça devagar.
— Por enquanto.
— E nós voltaremos ao pai? — indagou o mais novo.
— Sim.
— Ele me perdoará?
— Teria ele me enviado, se não fosse assim?
E então, o mais jovem subiu nas costas do primogênito, e iniciaram a jornada para o lar.

Extraído do livro Nas Garras da Graça de Max Lucado - Editora CPAD.